quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CLAUDE LÉVI-STRAUSS – PENSADOR FRANCÊS E AMIGO DO BRASIL

Claude Lévi-Strauss dans son bureau du Collège de France, en 2001 à Paris. (photo : AFP)

Infelizmente, os grandes homens também morrem. Jornais de todo o mundo noticiaram nesta quarta-feira, 4 de novembro, a morte de Lévi-Straus, na França, na madrugada de domingo, 1.º de novembro, mas só agora anunciada em comunicado conjunto da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales e de de seu editor, Plon.
Aqui, em Curitiba, a manchete da Gazeta do Povo estampava: MORRE AOS 100 ANOS LÉVI-STRAUSS, PAI DA ANTROPOLOGIA MODERNA; No Le Figaro: CLAUDE LÉVI-STRAUS EST MORT, para ficar somente com dois períodicos, um local e outro da terra do falecido, o grande criador da Antropolgia Estrutural.
Recentemente, Lévi-Strauss recebeu importantes homenagens do mundo inteiro pela passagem do seu centésimo aniversário, comemorado no dia 28 de novembro do ano passado. Portanto, há pouco menos de um ano.
O grande pensador francês é considerado o fundador da antropologia estrutural, principalmente por seus estudos sobre a língua, costumes e lendas de povos indígenas do Brasil. Aqui, ele permaneceu de 1935 a 1939, quatro anos fundamentais para seus estudos e para a apresentação de uma nova teoria antropológica ao final dos anos 40 e iníco dos anos 50. Com suas obras, principalmente As Estruturas Elementares do Parentesco, de 1949, e Tristes Trópicos, de 1955, tornou-se reconhecido e admirado mundialmente como cientista e pensador.
Foi professor honorário do Collège de France, no qual regeu a Cátedra de Antropologia Social de 1959 a 1982. Foi membro da Academia Francesa, o primeiro a atingir 100 anos de idade. É considerado um dos mais importantes intelectuais dos nossos tempos.
No Brasil, Lévi-Strauss esteve inicialmente como membro de uma grande missão francesa, que veio para a consolidação da recém-criada Universidade de São Paulo, a USP, de janeiro de 1934. Permsaneceu como professor na Instituição até 1938, quando abandonou o magistério para dedicar-se exclusivamente às suas pesquisas junto aos povos indígenas de Goiás, Mato Grosso e Paraná. Segundo ele, foram essas viagens que despertaram o seu grande interesse pela antropologia e pela pesquisa. Como resultado desses estudos, escreveu uma obra fundamental, Tristes Trópicos.
Inicialmente, por conhecer somente os indígenas do Norte do Paraná, na região do rio Tibagi, os Kaingang, pensou tratar-se de um povo não totalmente índios e nem verdadeiros selvagens. Só mais tarde com a incursão por terras dos Kadiweu, na divisa com o Paraguai e conhecimento dos Bororo do Mato Grosso é que conseguiu reunir os dados necessários para uma nova teoria antropológica. Foi com esses estudos que conseguiu prestar provas na França para o ingresso no magistério, pois não era formado em Antropologia.
Graças a essas pesquisas de 1936 é que conseguiu dinheiro e reconhecimento necessários para fazer nova expedição, esta em 1938, para estudar os índios Nambiqwara, de Mato Grosso. A missão também visitou os últimos homens e mulheres Tupi- Kaguahib, na região do rio Machado, considerados já desaparecidos.
Além do casal francês, Lévi e Diana Strauss, participaram dessa última expedição, o médico e etnólogo francês Jean Vellard e o antropólogo brasileiro Luís de Castro Faria. Este último revela os problemas que a missão enfrentou com os órgãos públicos brasileiros, porque contava com o patrocínio de Paul Rivet, um político ligado ao Partido Socialista Francês.
Denis Bertholet, um de seus biógrafos, assim descreve Claude Lévi-Strauss: “Philosophe de formation, ce pionnier du structuralisme qui arpentait le monde pour en étudier les mythes, ce précurseur dans le domaine de l'écologie qui écrivait admirablement, a oeuvré à la réhabilitation de la pensée primitive, avec parfois le regard d'un moraliste. A cheval entre philosophie et science (…), son oeuvre est indissociable d'une réflexion sur notre société et son fonctionnement. Il a une approche écologique du monde et des individus, avant la lettre” (Filósofo por formação, este pioneiro do estruturalismo que avaliava o mundo pela ótica dos mitos, este precursor no domínio da ecologia que escreveu admiravelmente uma obra de reabilitação do pensamento primitivo, com o olhar às vezes de um moralista. Colocada entre a a filosofia e a ciência (...)sua obra é indissociável de uma reflexão sobre nossa sociedade e seu funcionamento. ela apresenta um enfoque ecológico do mundo e dos indivíduos, antes mesmo de tal acontecer). Vê-se, assim, a importância do pensamento de Lévi-Strauss, classificado inclusive como um ambientalista antes mesmo de existir tal conceito e tanta preocupação com a natureza, como há em nossos dias.
De volta à França em 1939, com o surgimento da Segunda Grande Guerra, muda-se para os Estados Unidos e passa a lecionar em Nova Yorque. Em 1959, com o retorno à França, torna-se professor no Collège de França e se torna o primeiro antropólogo eleito para a Academia Francesa.
O grande mérito científico de Lévi-Strauss e a base de sua teoria foi ter aplicado ao conjunto dos fatos humanos de natureza simbólica um método, o método estruturalista. Com isso, ele passa a tratar do “pensamento selvagem” e não mais do “pensamento do selvagem”. Aparentemente apenas um jogo de palavras, mas em verdade uma total mudança no enfoque das pesquisas antropológicas. Sua obra O Pensamento Selvagem, de 1962, é o marco histórico dessa mudança. Catherine Clément, autora de um ensaio sobre o etnólogo, explica: “Quand il nous explique que la ‘pensée sauvage’ est en chacun de nous, il n'y a plus de distinction de fonctionnement mental entre les primitifs et nous. C'est une révolution intellectuelle considérable”. (Quando ele nos explica que o “pensamento selvagem” se encontra em cada um de nós, ele deixa de fazer a distinção do funcionamento mental entre os povos primitivos e nós. Isso é uma revolução intelectual considerável).
Lévi-Strauss costumava se definir como um “viajante, arqueólogo do espaço, que procurava em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços”. Segundo seus contemporâneos, era um homem elegante, gentil, de olhar claro e penetrante, dotado de grande presença e marcado pela grande capacidade de escutar os outros. Como cientista dedicado a pesquisas, é autor de uma frase que se tornou célebre, pela verdade que encerra. Encontra em O Cru e o Cozido: “O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas. É o que faz as verdadeiras perguntas.” Sabe-se, hoje, que um estudo científico surge com base em um problema, sempre proposto em forma de questionamento pelo próprio pesquisador. Lévi-Strauss antecipou-se a nossos tempos em que as pesquisas se expandiram de forma exponencial.
CLAUDE LÉVI-STRAUSS E O ESTRUTURALISMO
Um grande pensador, considerado um gigante do pensamento moderno, Claude Lévi-Strauss é um verdadeiro mago do Estruturalismo. Essa corrente do pensamento científico iniciou-se na Lingüística com os estudos de Saussure (filósofo e lingüista suíço – 1857-1913) já no início do século XX. Teve vários desdobramentos até eclodir nos anos 60 no que se convencionou chamar de “Estruturalismo Francês”. Segundo a teoria estruturalista, por trás de toda a atividade humana, estão as “estruturas universais”. São elas que dão forma a culturas e às criações de todo tipo do ser humano. Assim, a linguagem, os mitos, as religiões, a poesia, tudo é resultado dessas “estruturas” e são próprias do gênero humano. O homem passa a ser identificado como “homo symbolicum”, de que nos fala Ernst Cassirer, e não mais o “homo erectus” dos primeiros antropólogos, nem mesmo o “homo sapiens”, de algumas outras teorias.
Como bom estruturalista, ele baseou seus estudos nas oposições binárias (na Linguística de Saussure, como exemplos, os conceitos significante e significado; forma e conteúdo.). Estudou oposições como: o cru e o cozido; o quente e o frio, o animal e o humano. Distinguia-se dos demais antropólogos pelo fato de que os outros buscavam revelar as diferenças entre povos e culturas, e ele buscava as estruturas universais, também chamadas “estruturas profundas”. Os seus estudos colaboraram mais para a igualdade de povos e culturas do que para as diferenças entre eles. Essas semelhanças, porém, encontravam-se naquilo que era essencial e não apenas externo, como viam os demais antropólogos. Um dos fundamentos do Estruturalismo é exatamente a oposição essência / aparência.
Em o Cru e o Cozido, Lévi-Strauss declarou haver orientado suas pesquisas etnográficas na direção da psicologia, da lógica e da filosofia (a essência). Ele não estava interessado nos propósitos a que serviam as práticas rituais de uma determinada sociedade (a aparência).
CLAUDE LÉVI-STRAUSS ESCRITOR
Em suas obras, o autor estudou principalmente a correlação do processo formador de mitos com o pensamento ocidental.
As principais são:
· As Estruturas Elementares do Parentesco (1949) - Marco fundador da antropologia estrutural. Lévi-Strauss repensa o problema universal da proibição do incesto.
· Tristes Trópicos (1955) – ­Espécie de autobiografia intelectual, a obra relata a vinda de Lévi-Strauss ao Brasil nos anos 1930.
· Antropologia Estrutural (1958) – ­Nesta coletânea, o autor apresenta paralelos estruturais entre as figuras do xamã e do psicanalista e lança as bases teóricas da mitologia.
· Mitológicas (1964-71) - Análise de cerca de 800 mitos ameríndios inspirado nos moldes da música.
· Via das Máscaras (1975) – Strauss retoma a questões fundamentais da estética e da história da arte.
· História de Lince (1991) - O autor investiga as fontes filosóficas e éticas do dualismo ameríndio com base nas lendas.
· Saudades do Brasil (1994) - Álbum fotográfico que remonta às raízes da aventura antropológica de Lévi­-Strauss e que traz imagens de São Paulo e do Centro-Oeste.
(Fonte: Folhapress)
Segundo seus estudiosos, os livros do cientista apresentam argumentos complexos expressos em uma linguagem metafórica, simbólica. Seus textos em nada lembram os escritos antropológicos anteriores a ele.
TEXTO DO LIVRO O PENSAMENTO SELVAGEM
A idéia de que o universo dos primitivos (ou que se supõe que o sejam) consiste principalmente em mensagem não é nova. Mas, até uma época recente, atribuía-se um valor negativo ao que, erradamente, se tomava por um caráter distintivo, como se esta diferença entre o universo dos primitivos e o nosso con­tivesse a explicação de sua inferioridade mental e tecnológica, quando ela os põe antes em pé de igualdade com os modernos teóricos da documentação. Era preciso que a ciência física descobrisse que um universo semântico possui todos os carac­teres de um objeto absoluto, para que se reconhecesse que. a maneira pela qual os primitivos conceptualizam seu mundo é, não apenas coerente, mas a mesma que se impõe em presença de um objeto cuja estrutura elementar oferece a imagem de uma complexidade descontínua.
De uma só vez achava-se superada a falsa antinomia entre mentalidade lógica e mentalidade pré-lógica. O pensamento selvagem é lógico, no mesmo sentido e da mesma forma que o nosso, mas como o é apenas o nosso quando se aplica ao conhecimento de um universo a que reconhece, simultaneamen­te, propriedades físicas e propriedades semânticas. Uma vez dissipado este mal-entendido, não é menos verdade que, con­trariamente à opinião de Lévy-Bruhl, este pensamento progri­de pelas vias do entendimento, não da afetividade; com o au­xílio de distinções e de oposições, não por confusão e parti­cipação. Se bem que o termo não tivesse ainda entrado em uso, numerosos textos de Durkheim e Mauss mostram que eles haviam compreendido que o pensamento dito primitivo era um pensamento quantificado
.

(p. 304-305).
LÉVI-STRAUSS NO BRASIL
No Brasil, além de professor e pesquisador da USP, Lévi-Strauss tornou-se Doutor Honoris Causa pela Universidade que muito aprendeu com ele. Como Acadêmico, desprezava a elite e valorizava os índios.
Ao mesmo tempo em que enaltecia um Brasil de que os próprios brasileiros se envergo­nhavam, Lévi-Strauss pode ser descrito como "carinhoso" ao falar de povos como os nambiquaras e os bororos. Foi duro, porém, e mesmo implacável às vezes, ao tratar da sociedade brasileira urbana, que considerava sempre à procura de status.
Lévi-Strauss se utilizava das lições aprendidas com grupos indígenas do cerrado (Goiás) e da floresta (Mato Grosso) - principalmente como relacio­nar natureza e cultura -, para a criação de um dos pensamentos mais in­fluentes da segunda metade do século 20. Enquanto isso, muitos brasileiros ainda olhavam esses mesmo índios co­mo um sinal de atraso a ser superado ou esquecido.
As suas lições só foram realmente aprendidas pelos antropólogos brasi­leiros entre os anos de 1950 e 1980. Portanto, depois de 10 e mais anos após o seu regresso à França. De certo modo, é compreensível, pois foi por essa época que seus livros saíram publicados.
Assim como Claude Lévi-Strauss aprendeu bastante com o Brasil, o Brasil também aprendeu muito com Claude Lévi-Straus. Resta, porém, muito ainda a aprender com esse sábio ligado ao nosso país.

12 comentários:

Tania Anjos disse...

Maravilha de post, prof. Jayme.
Parabéns!


Coloquei um link de acesso no Rastro da Educação.

Forte abraço,
Taninha

Jayme Ferreira Bueno disse...

Taninha, obrigado pela divulgação.
Percebi que você também postou algo sobre Claude Lévi-Strauss.
É bom divulgar quem realmente merece, e ele sempre mereceu!
Um abraço, Jayme

Daniel Osiecki disse...

Olá, professor. Com certeza Strauss foi este grande pensador que o senhor descreveu. Tenho o segundo volume das Mitológicas, intitulado Do Mel às Cinzas, no qual ele contrapõe (novamente) diversos conceitos antagônicos (seco e humido, sacro e profano). É interessante o significado do mel para os ameríndios, pois tem um duplo significado. Ao mesmo tempo em que faz referência a um significado alimentar, também tem um significado sexual.Daí a expressão "lua-de-mel". Muitíssimo interessante o seu artigo e uma grande surpresa. Um abraço.

Jayme Ferreira Bueno disse...

Daniel,
ainda bem que você é um leitor bem eclético. Além de literatura está frequentando também as ciências sociais. De Lévi-Strauss, tenho O Pensamento Selvagem
Em Antropologia, recomendo um livro que cito bastante, Antropologia Filosófica, de Ernst Cassirer; em Teoria Literária, mas ligado também à questão dos mitos, principalmente, indico as Formas Simples, de André Jolles.
Um grande abraço, Jayme

Daniel Osiecki disse...

Olá, professor. As suas indicações já estão devidamente anotadas. Irei atrás. Um abraço.

Tania Anjos disse...

Prof. Jayme, em meu blog postei o seguinte:

li pouco sobre Lévi-Strauss, mas me chamou atenção a questão de sua ótica sobre pensamento quando diz não haver diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado e, sobre a linguagem, quando diz que a passagem do animal natural ao animal cultural se dá - também - através da aquisição desta.

Brilhante!



A intertextualidade aqui, parece se dar entre Strauss, Piaget e Vygotsky. Corrija-me se eu estiver equivocada.


Não coloquei por lá, mas o que motivou o fazer poético - assim como a literatura como um todo - inerente aos seus pensamentos, é algo de extraordinário e quem nem temos idéia...


Abraços, Taninha

Jayme Ferreira Bueno disse...

Taninha,
Quanto à intertextualidade entre Strauss, Piaget e Vigotski, embora bem diversos no modo de enfocarem o pensamento e mesmo trabalhando com sujeitos diferentes, penso que pode haver, sim, pontos de intercomunicação entre o enfoque dos três. Primeiro, pelo mesmo objeto científico, que pertence às denominadas pelos franceses Ciências do Homem (também um termo do Estruturalismo, ver De Bruyne, Piaget, em Epistémologie des sciences de l’homme, como exemplos), conceito bem mais específico do que o de Ciências Sociais.
O francês Strauss estuda as estruturas profundas do pensamento selvagem (com o método estruturalista, e ele, como declarou, buscava aproximar antropolgia à filosofia e a à psicologia); o suíço Piaget, pesquisa o desenvolvimento da criança dentro de uma psicologia experimental, evolutiva, cognitiva, interacionista e construtivista, (com base biológica, psicológica e antropológica); o bielo-russo Vigotsky já voloriza as relações sócio-históricas (do método dialético marxista) com o conceito da mediação. O homem não apreende diretamente o objeto, mas sempre mediado por outros sujeitos e com bases em recortes da realidade (pelos “recortes da realidade” se aproxima do estruturalismo de Strauss e de todo Estruturalismo que se apoia sempre não na realidade, mas em “amostras”, os recortes);
Nesse contexto do estudo da linguagem e do pensamento, poderíamos incluir ainda o russo Luria, que estuda a estruturação psicológica e o desenvolvimento da linguagem unindo conhecimentos da linguística, da psicologia e da neuropsicologia).
Portanto, em sentido amplo, todo discurso científico é intertextual, porque dialoga sempre com o saber: “a ciência, sem se identificar com o saber, mas sem o apagar nem excluir, localiza-se nele, estrutura alguns de seus objetos, sistematiza algumas de suas enunciações, formaliza alguns de seus conceitos e de suas estratégias” (FOUCAULT, L’archéologie du savoir, citado por De Bruyne et al. in Dinâmica da pesquisa em ciências sociais, 5. ed., p. 26).
Obrigado pela contribuição de seus comentários sempre atentos e úteis para o esclarecimento de tantos pontos que são levantados e nem sempre tão bem explicados, até por falta de espaço.
Um grande abraço,
Jayme

Tania Anjos disse...

Oi, Prof. Jayme.

Foi num nível [menos elevado, claro] que lancei tal hipótese.

Quando Strauss [em outras palavras] vê a linguagem como elemento que insere o homem à cultura, imediatamente fiz uma conexão com Vygosty, que associa pensamento e linguagem à propulsão do conhecimento e cultura.

Remeto-me à Piaget quanto a questão epistemológica propriamente dita.

Na verdade, acho que fiz um comentário pobre e óbvio...rs...

Obrigada pela generosodade. Sempre aprendo muito com o sr.

Um abraço,
Taninha

Tania Anjos disse...

Vygotsky e Piaget convergem e divergem muito.

São, na Educação, os que sempre alicerçaram a minha prática. São meus teóricos preferidos.

Infelizmente, o não entendimento destes, gerou um caos na educação que sofre duras consequências de equívocos terríveis na prática pedagógica dos últimos vinte e cinco anos, eu diria...

Jayme Ferreira Bueno disse...

Concordo plenamente, Taninha, sobre o que você diz sobre a Educação. Para educar, e não simplesmente dar aulas, é ncessário ter, como base sólida, conhecimento teórico dos principais pensadores que se dedicaram à ciência pedagógica.
Piaget e Vigotsky felizmente estão se tornando bastante estudados nos cursos de pós-graduação em Educação.
Em Letras e Fonologia, principalmente, os estudos de Vigotsky, Luria e Jakobson, são frequentemente enfocados e têm servido de base para o ensino e para a aprendizagem.
Até novos "papos" sobre Educação, um terreno fértil para todos que exercemos ou ainda exercem o magistério.
Jayme

raquel disse...

Lévi-Strauss realmente merece nossa lembrança e leitura. "Tristes trópicos" é um grande livro, sob vário pontos de vista. E não custa lembrar que no convívio direto com Dina e Claude Lévi-Strauss nosso grande Mário de Andrade aperfeiçoou suas intuições antropológicas, que até hoje rendem tanta pesquisa empenhada na valorização da cultura popular brasileira. Em Saudades de São Paulo, Lévi-Strauss distingue Mário e seu círculo de amigos, por oposição a outros circuitos intelectuais ligados à então jovem USP:
"Como outros, sentia-me infinitamente mais à vontade no Departamento de Cultura da municipalidade. Em torno de Mário de Andrade, grande poeta e espírito profundamente original, apaixonado pelo folclore e as tradições populares, agrupavam-se homens jovens e de grande cultura, historiadores, eruditos, ensaístas, como Sérgio Milliet, Rubens Borba de Moraes e sobretudo Paulo Duarte (...)" - LÉVI-STRAUSS, Claude. Saudades de São Paulo, p. 10.

Jayme Ferreira Bueno disse...

Raquel, é ótimo que obra de Lévi-Strauss esteja entre as suas leituras. Como boa marioandradina, foi "auspicioso" saber desse contato intelectual entre Straus de Saudades de São Paulo com o autor de Pauliceia Desvairada. Dois "cronistas" viajantes do séc. XX.
Obrigado pelo comentário.
Jayme