quarta-feira, 15 de outubro de 2008

HOMENAGEM A MEUS PROFESSORES

HOMENAGEM A MEUS PROFESSORES

Neste 15 de outubro de 2008, Dia do Professor, se alguém lembrou de mim, e houve quem lembrasse, eu não poderia deixar de lembrar-me daqueles que foram meus mestres. De fato, muitos passaram pela minha memória, Professor Mansur Guérios, da graduação de Letras, o Professor Eurico Back, do Mestrado, o Professor MASSAUD Moisés, do doutorado e muitos mais. Irei, porém, homenagear três deles, em nome de todos.

1. PROFESSOR SALVADOR ALVES SOBRINHO
O primeiro professor foi meu mestre-escola. Ensinava até onde sabia, mas era o suficiente para encaminhar aquela meninada do pequeno lugarejo perdido no interior do município de Castro. A escola era o meio social que eu freqüentava. O velho professor me apoiava em tudo, inclusive mais tarde passei a ajudar-lhe em algumas tarefas com os mais iniciantes, porque iniciantes éramos todos. As brincadeiras antes de o professor chegar no seu manso cavalo era uma festa.
As lições de língua portuguesa consistiam nas primeiras letras, leitura soletrada, cópia das letras em caderno de caligrafia. Em aritmética se faziam as quatro operações na pequena lousa que cada um levava consigo a tiracolo. A aprendizagem da tabuada era decorada, meio declamada, meio cantada. Geografia e história eram motivo para se decorar algum assunto trazido de cadernos de professores mais especializados de escolas de bairros vizinhos ou de algum livro que aparecia por lá.
Dia de grande preocupação era quando ia, geralmente ao final do ano, uma comissão da prefeitura municipal, para repassar os pontos e verificar como andava a aprendizagem naquela escola. Foi a primeira experiência de avaliação de curso e de avaliação institucional que vi e que experimentei. Saí-me bem, cheguei a ser recomendado para ir fazer o curso ginasial na cidade.
Com todo o primitivismo dos tempos, dos processos e das metodologias, confesso que aprendi muito nessa escola. Aprendia-se com o amor. O amor era ao estudo, à escola, ao professor. Era a escola e sua circunstância.

2. PROFESSOR BERNARDO LETZINGER
Bernardo Letzinger era o diretor do Colégio Diocesano de Santa Cruz, em Castro. Como descendente de alemães, mantinha seu estilo germânico, uma espécie de Aristarco de O Ateneu. No curso ginasial e no científico, ele foi meu professor de Matemática. Ao final do ano de 1953 terminou o curso ginasial terminou para mim.
O curso científico iniciou-se com um pouco de atraso. Como fiquei indeciso sobre que carreira seguir após o ginásio, pensei em me dedicar no que estaria mais a minha mão, que seria ser um funcionário de alguma loja comercial. Assim, matriculei-me em uma escola de comércio, que funcionava na praça da Igreja Matriz. Assisti a algumas aulas durante mais ou menos uma semana, quando fui avisado por alguém que deveria comparecer ao Colégio Diocesano de Santa Cruz, a pedido da direção.
Quando cheguei ao Colégio, fui recebido pelo diretor, professor Bernardo Letzinger, que, em tom severo, mas amigável, exigiu que eu deixasse o curso que iniciara e me matriculasse no científico. Assim fiz em obediência a um mestre que eu admirava e animado por suas palavras de incentivo. Segundo ele, eu deveria enfrentar as dificuldades e sonhar mais alto. Deveria procurar formar-me em Curitiba.
O científico não me proporcionava uma profissão. Teria de cursar uma faculdade, seguir para Curitiba. Que curso? Direito, que seria uma possibilidade, talvez influenciado por um dos professores? Engenharia, como queria meu querido diretor e professor Bernardo? Mas como seguir um desses cursos em uma universidade, longe, em Curitiba? Segui o curso de Letras.

3. PROFESSOR OSVALDO ARNS
Em 1957, ao ingressar no curso de Letras da Universidade do Paraná, entrei em contato com professores representantes notáveis da cultura paranaense. O curso selecionado fora o de Letras Clássicas e nele se estudava línguas: portuguesa, latina e grega.
Osvaldo Arns é um desses ilustres representantes do magistério, cativante pela sua maneira de dar aulas. Nós, alunos, ficávamos enlevados com as histórias fantásticas dos heróis da civilização grega retratados principalmente por autores como Homero, Hesíodo e Xenofonte, além dos líricos das odes, como Safo e Alceu. Foram três anos intensos de estudos da língua, da literatura e da cultura grega.
No quarto ano do curso, quando se cumpriam as disciplinas pedagógicas da licenciatura continuei o contato pedagógico com o Professor Arns. Fiz o estágio no Colégio Estadual acompanhando-o em suas aulas de Latim.
Além de um grande helenista, era também conhecedor profundo da língua, literatura e cultura latina. Falava fluentemente várias línguas, o alemão, o francês e o inglês.
A admiração que se iniciou na Universidade Federal do Paraná estendeu-se por outras épocas, em outras atividades da vida acadêmica e da vida social, quando Osvaldo Arns assumiu a reitoria da então Universidade Católica do Paraná - UCP. Como chefe do Departamento de Letras, tive a oportunidade de trabalhar a seu lado na organização do curso que eu dirigia.
Foi um homem profundamente culto, humanista, católico, grande mestre de várias gerações. Ensinou alunos, ensinou professores e foi exemplo para a sociedade. Sua memória como professor, reitor e cidadão permanece em nós que tivemos a felicidade de conhecê-lo e com ele conviver.

10 comentários:

disse...

O merecido parabéns a todos os PROFESSORES!!!

Daniel Osiecki disse...

Os meus parabéns ao professor que mais marcou minha passagem pela pucpr. Ao Professor Jayme Ferreira Bueno desejo todo o sucesso e felicidades. Um grande abraço do aluno Daniel Osiecki.

raquel disse...

Salvador, Bernardo, Osvaldo - parecem mesmo nomes apropriados para mestres do século 20. E não houve nenhum ser feminino igualmente interessante nessa trajetória?

Jayme Ferreira Bueno disse...

Rô, só você da família, mesmo formada em cursos para o magistério, acabou não indo para a sala de aula como professora. Felizmente, sabe dar valor aos seus e a outros mestres.

Jayme Ferreira Bueno disse...

Daniel, sempre me dando apoio. Agradeço o reconhecimento público.

Jayme Ferreira Bueno disse...

É Raquel, os nomes sã mesmo apropriados. Não são como Jayme, Raquel.
Os seres femininos não surgiram em situação de magistério.

raquel disse...

heheheehehe:
"os nomes femininos não surgiram em SITUAÇÃO DE MAGISTÉRIO" é ótimo!

titide disse...

Seus conhecimentos intectuais e sua experiência de vida se deve com certeza a estes grandes mestres.Se estivessem vivos estariam orgulhosos por saberem que valeu a pena ensinar,pois hoje você é o exemplo de luta,respeito,dignidade em tudo o que faz.Um abraço de quem tem orgulho de ser sua sobrinha.
Cristiane

Jayme Ferreira Bueno disse...

Oi, titide, que bom você ter visitado o Blog. Obrigado pelos elogios.
Sei que você também se esforça e todo esforço vale a pena.
Cristiane, repasse para a Kelly. Gostaria de ouvir a opinião dela também.
Boa sorte em tudo que faz!

buelucas disse...

Eu queria saber se o Senhor conheçe Salvador Ferreira Bueno?