segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PUNHAL NO PEITO


PUNHAL NO PEITO
Jayme Ferreira Bueno

 
Uma vez me cravaram ao lado,
Bem junto do coração,
Um punhal bem afiado.
Fiquei sem saber se o punhal
Era de fino aço ou de duro amor.
Só sei que me fez tanto mal,
Tão grande era a minha dor.
Eu chorava noite e dia,
Que me levou a pedir a Deus:
Dê-me coragem de arrancar
Essa lâmina cortante e fria.
E Ele ma concedeu.
Arranquei o punhal com força
Apesar do sofrimento.
Pensou-se, então:
Não sofrerá mais tormento,
Nem terá mais tanta dor,
Sem o punhal no coração.
Puro engano, amigo!
Passei a ter saudade,
De tanta crueldade
Naquele coração ferido.
Este barro que encobre meu espírito
Quem o entenderá, Senhor...?
 
(À moda de Rosalía de Castro, poetisa galega)